Inteligência Artificial no reconhecimento facial em Segurança Pública:

dados sensíveis e seletividade penal.

Authors

Keywords:

Artificial Intelligence, Facial Recognition, Public Security, Criminal selectivity

Abstract

O presente trabalho tem por objetivo, a partir do uso do método de abordagem lógico-dedutivo, com lastro em pesquisas bibliográficas, analisar a utilização de sistemas de reconhecimento facial, pautados em inteligência artificial, pelos órgãos de segurança pública e as possíveis violações aos direitos humanos e fundamentais na coleta e armazenamento de tais dados sensíveis, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados, diante da discussão que já restou instalada acerca da utilização do reconhecimento facial como ferramenta da seletividade penal que redunda na exclusão de pessoas indesejáveis, incrementando práticas discriminatórias e desigualdades sociais, raciais e de gênero. Neste norte a pesquisa revela a necessidade de serem adotadas medidas para validação do mecanismo de reconhecimento facial, como a utilização de dados biométricos de todas as pessoas, de forma indistinta, a fim de evitar a seletividade penal, assim como a imperiosidade dos resultados servirem como indícios a serem complementados por outros elementos de informação.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

Janio Konno Júnior, Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP

Mestre em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).Especialista em Direito Penal e Processo Penal e Graduado em Direito pelo Centro Universitário Antônio Eufrásio de Toledo de Presidente Prudente. Investigador de Polícia do Estado de São Paulo. Professor Concursado da Academia de Polícia "Dr. Coriolano Nogueira Cobra" ACADEPOL. Instrutor de Inteligência Cibernética pelo SEGEN - Ministério da Justiça. Professor Conteudista/Tutor da Pós-Graduação em Cyber Forensics, Cyber Security, Mobile Forensics e Criminal Profiling pela BluEAD UniNORTE, nas matérias Cybercrime Laws, Cybercrime Investigation, Direito Digital e Teorias do Crime. Professor na WB Educacional nos cursos de Formação de Peritos e de Investigação de Crimes Cibernéticos. Membro do Conselho Consultivo da IusTech Revista de Derecho y Tecnología (ISSN 2718-9023 - Peru/Argentina). Pesquisador no grupo de pesquisa: Políticas Públicas e Direitos Sociais, liderado pelo Prof. Dr. Valter Foleto Santin (UENP). Membro do grupo de pesquisa: Acesso à Justiça, Era Digital e Processo - AJUDPRO, liderado pelo Prof. Dr. César Augusto Luiz Leonardo (UNIVEM). Membro do Comitê Público da ANPPD® Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados. Coautor em obras e artigos jurídicos e de tecnologia. Palestrante.

Derick Moura Jorge, Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP

Mestre em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Especialista em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho com capacitação para o Ensino no Magistério Superior nas Faculdades Damásio. Especialista em Direito Penal e Criminologia pelo Centro Universitário Uninter. Especialista em Gestão do Sistema Prisional pelas Faculdades São Braz. Especialista em Gestão Estratégica em Segurança Pública pela Escola Superior da Polícia Civil do Estado do Paraná. Pesquisador no grupo de pesquisa "Políticas Públicas e Direitos Sociais", liderado pelo Prof. Dr.Valter Foletto Santin (UENP). Pesquisador no grupo de pesquisa "Eficácia dos Direitos Fundamentais", liderado pelo Prof. Dr.Vladimir Brega Filho (UENP). Vice-presidente da APAE de Jaguariaíva (gestão 2020/2022). Diretor Jurídico do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Paraná (SIDEPOL/PR). Delegado da Polícia Civil do Estado do Paraná.

References

ALMEIDA, Eduarda Costa. Os grandes irmãos: o uso de tecnologias de reconhecimento facial para persecução penal . Revista Brasileira de Segurança Pública, v. 16, n. 2, p. 264–283, 2022. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/1377. Acesso em: 8 set. 2022.

ASHLEY, Kevin D. Artificial Intelligence and Legal Analytics. New Tools For Law Pratice in the Digital Age. Cambridge: Cambridge University Press, 2017.

BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução: Juarez Cirino dos Santos.3° ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Anteprojeto de Lei de Proteção de Dados para segurança pública e persecução penal. Brasília: Comissão da Câmara dos Deputados, 2020. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/grupos-de-trabalho/56a-legislatura/comissao-de-juristas-dados-pessoais-seguranca-publica/documentos/outros-documentos/DADOSAnteprojetocomissaoprotecaodadossegurancapersecucaoFINAL.pdf. Acesso em: 01 mar. 2022.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 20 jan. 2022.

BRASIL. Decreto n° 10.046 de 9 de outubro 2019. Dispõe sobre a governança no compartilhamento de dados no âmbito da administração pública federal e institui o Cadastro Base do Cidadão e o Comitê Central de Governança de Dados. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 out. 2019. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10046.htm. Acesso em: 20 jan. 2022.

BRASIL. Lei n° 13.709 de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 14 ago. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso em: 20 jan. 2022.

CÓBE, Raphael M. O.; NONATO, Luiza G.; NOVAES, Sérgio F.; ZIEBARTH, José A. Rumo a uma política de Estado para inteligência artificial. Revista USP, n. 124, p. 37-48, 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/167914. Acesso em: 8 set. 2022.

CORTIZ, Diogo. Inteligência Artificial: equidade, justiça e consequências. Internet Sectoral Overview. Year XII - N. 1, 2020. Disponível em https://www.cetic.br/media/docs/publicacoes/6/20200626161010/panorama_setorial_ano-xii_n_1_inteligencia_artificial_equidade_justi%C3%A7a.pdf Acesso em: 20 jan. 2022.

CRIPPA, Margarete Esteves Nunes; DE OLIVEIRA, Loryne Viana; HOLANDA, Tamires; LAURENTE, Itala. Uso de reconocimiento facial aplicado a la seguridad pública en Brasil. Controversias y Concurrencias Latinoamericanas, v. 12, n. 22, p. 159-173, 1 abr. 2021. Disponível em: http://ojs.sociologia-alas.org/index.php/CyC/article/view/248. Acesso em: 02 set. 2022.

DA SILVA, Rosane Leal; DA SILVA, Fernanda dos Santos Rodrigues. Reconhecimento Facial e segurança pública: os perigos do uso da tecnologia no sistema penal seletivo brasileiro. In: 5 Congresso Internacional de Direito e Contemporaneidade: mídias e direitos da sociedade em rede. 2019. Disponível em https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/563/2019/09/5.23.pdf. Acesso em: 21 jan. 2022

DA SILVA, Lorena Abbas; FRANQUEIRA, Bruna Diniz; HARTMANN, Ivar A. O que os olhos não veem, as câmeras monitoram: reconhecimento facial para segurança pública e regulação na América Latina. Revista Digital de Direito Administrativo, v. 8, n. 1, p. 171-204, 2021. Disponível em https://www.revistas.usp.br/rdda/article/view/173903. Acesso em: 22 jan. 2022.

DUARTE, Renata et al. Aplicação dos Sistemas Biométricos de Reconhecimento Facial na Segurança Pública. Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, v. 11, n. 1, p. 1-21, 2021. Disponível em https://www.ipebj.com.br/bjfs/index.php/bjfs/article/view/848. Acesso em: 22 jan. 2022.

FELDENS, Luciano. Direitos fundamentais e direito penal – A Constituição Penal. 2 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.

GARLAND, David. A cultura do controle: crime e ordem social na sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: F.Bastos, 2001, Revan, 2008, 1ª reimpressão, janeiro de 2014.

Governo inaugura laboratório de reconhecimento facial e digital da Polícia Civil. saopaulo.sp.gov.br, São Paulo, 28 jan. 2020. Disponível em https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/governo-inaugura-laboratorio-de-reconhecimento-facial-e-digital-da-policia-civil/. Acesso em: 20 jan. 2022.

JACQUET, Maëlig; CHAMPOD, Christophe. Automated face recognition in forensic science: Review and perspectives. Forensic science international, v. 307, p. 110124, 2020. Disponível em https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0379073819305365. Acesso em: 22 jan. 2022.

LEMOS, Alessandra; FERNANDES, Elora; MEDEIROS, Juliana; GUEDES, Paula. Comentários ao Anteprojeto de Lei de Proteção de Dados para a Segurança Pública: Tecnologia de Reconhecimento Facial. Rio de Janeiro. Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio. Rio de Janeiro, 2021. Disponível em https://itsrio.org/pt/publicacoes/comentarios-ao-anteprojeto-de-lei-de-protecao-de-dados-para-a-seguranca-publica/. Acesso em: 10 mar 2022.

MAGNO, M. E. da S. P.; BEZERRA, J. S. Vigilância negra: O dispositivo de reconhecimento facial e a disciplinaridade dos corpos. Novos Olhares, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 45-52, 2020. ISSN: 2238-7714. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2020.165698. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/novosolhares/article/view/165698. Acesso em: 22 jan. 2022.

NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. A Cidadania Social na Constituição de 1988 Estratégia de Positivação e Exigibilidade judicial dos Direitos Sociais. São Paulo: Verbatim, 2009.

Polícia de Detroit: sistema de reconhecimento facial da cidade erra em 96% dos casos. Olhar digital. 29 jun. 2020. https://olhardigital.com.br/2020/06/29/seguranca/policia-de-detroit-sistema-de-reconhecimento-facial-da-cidade-erra-em-96-dos-casos/ Acesso em: 20 jan 2022.

Polícia Federal implementa nova Solução Automatizada de Identificação Biométrica. gov.br, Brasília, 06 jul. 2021. Disponível em https://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/noticias/2021/07/policia-federal-implementa-nova-solucao-automatizada-de-identificacao-biometrica Acesso em: 20 jan 2022.

PREUSSLER, Gustavo. Resenha: ALEXANDER, Michelle. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa. São Paulo: Boitempo,2018,376p. Argumenta Journal Law, Jacarezinho–PR, Brasil, n.29,2018, p.411-414. Disponível em http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/1425/pdf. Acesso em: 15 set. 2021.

SOUZA, Marco Antonio de. A biometria e suas aplicações. Revista Brasileira de Ciências Policiais. ISSN 2178-0013, ISSN Eletrônico 2318-6917. Brasília, v. 11, n. 2, p. 79-102, mai/ago 2020. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/710 Acesso em: 17 set. 2021.

TEOFILO, Davi; KURTZ, Lahis; PORTO JR, Odélio; VIEIRA, Victor Barbieri Rodrigues. Parecer do IRIS na Ação civil Pública IDEC vs. Via Quatro. Parecer sobre a atividade de detecção facial de usuários da Linha Quatro Amarela de metrô de São Paulo, objeto do processo no 1090663-42.2018.8.26.0100 da 37a Vara Cível do Foro Central Cível da Comarca de São Paulo, ação interposta pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) contra a Concessionária da linha 4 do metrô de São Paulo S.A. (ViaQuatro). Setembro de 2019. Belo Horizonte: IRIS, 2019. Disponível em: http://bit.ly/340ZN53. Acesso em: 20 jan. 2022.

TURING, Alan. Computing Machinery and Intelligence. Mind, LIX (236): 433–460, DOI:10.1093/mind/LIX.236.433, 1950.

WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: F.Bastos, 2001, Revan, 2003.

ZAFFARONI, Eugenio Raul. Em Busca das Penas Perdidas: a perda de legitimidade do sistema penal. Rio de Janeiro: Editora Revan, 1991.

Published

2023-09-23

How to Cite

KONNO JÚNIOR, J.; MOURA JORGE, D. Inteligência Artificial no reconhecimento facial em Segurança Pública:: dados sensíveis e seletividade penal. Revista Eletrônica Direito & TI, [S. l.], v. 1, n. 15, p. 61–80, 2023. Disponível em: https://direitoeti.emnuvens.com.br/direitoeti/article/view/123. Acesso em: 18 dec. 2024.