O constitucionalismo digital como proteção aos direitos fundamentais

Autores

Palavras-chave:

Constitucionalismo Digital, Direitos Fundamentais, Inteligência Artificial, Novas Tecnologias, Sociedade em Rede

Resumo

Esse artigo tem como objetivo explicar a mudança de paradigma ao focar nas ameaças aos direitos fundamentais e na ascensão de poderes privados na sociedade algorítmica e apresentar o constitucionalismo digital como uma nova fase constitucional visando responder as novas questões constitucionais que aparecem com a relação entre o digital e o Direito. Para tanto, inicialmente, serão apresentados alguns exemplos da mudança do contexto constitucional frente a presença das tecnologias no Direito, como a utilização da Inteligência Artificial pelo Judiciário, o desenvolvimento de tecnologias como o ChatGPT e a tomada de decisões por plataformas como a ICANN. Posteriormente, será apresentada em que consiste a ideia de Constitucionalismo Digital e como essa declinação do Constitucionalismo Clássico pode proteger os direitos fundamentais digitais. Para tanto, empregou-se a técnica de pesquisa bibliográfica, por meio de apanhado doutrinário sobre o tema, utilizando-se do método fenomenológico hermenêutico.

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Biografia do Autor

Sabrina Staats, UNISINOS

Doutoranda em Direito com bolsa PROEX/CAPES pelo PPGD em Direito da Unisinos. Mestre em Direito pelo PPGD - IMED, membro do Grupo de Pesquisa: "Direitos Fundamentais, hermenêutica e proporcionalidade" e "Direito e Inteligência Artificial - IAJUS". Editora Executiva da Revista Brasileira de Direito. Advogada. Membro da Comissão de Estudos Constitucionais e Justiça da OAB - Passo Fundo/RS. 

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Publicado

14-06-2023

Como Citar

STAATS, S. O constitucionalismo digital como proteção aos direitos fundamentais . Revista Eletrônica Direito & TI, [S. l.], v. 1, n. 14, p. 8–29, 2023. Disponível em: https://direitoeti.emnuvens.com.br/direitoeti/article/view/128. Acesso em: 18 dez. 2024.